Bonecos de Cambelas: Expressão da Criatividade Popular

Bonecos de Cambelas: expressão da criatividade popular é um projeto de criação artística e de investigação antropológica, produzido pela Associação ESTUFA e integrado nas Comemorações do Centenário do Carnaval de Torres Vedras.

A votação dos projetos selecionados para o programa de comemorações do Centenário do Carnaval de Torres Vedras decorreu entre 4 e 18 de janeiro de 2023 e este projeto ganhou financiamento da Câmara Municipal de Torres Vedras para poder ser realizado e executado entre Fevereiro de 2023 e Fevereiro de 2024.
Bonecos de Cambelas tem direção artística de Magda Matias e criação artística de Jonas&Lander, em parceria com a associação Wamãe e Prof. Dr. Paulo Raposo.

Cambelas é uma pequena aldeia, outrora eminentemente piscatória, situada a sul da Foz do Sizandro, no litoral do concelho de Torres Vedras.
Por altura do Carnaval, as ruas, as paragens de autocarro, as fontes, os postes de eletricidade e os muros das casas da povoação, enchem-se de bonecos antropomórficos, construídos pelos habitantes da aldeia.
Quando e quem começou esta prática? Resultado do sentido satírico do povo, são revelados nestes bonecos o pensar e o agir de uma comunidade? Dos seus fazeres, padrões de cultura, interesses, hábitos e gostos?

Como podemos registar e documentar esta manifestação cultural?
E de que forma pode a criação artística contemporânea dialogar com esta prática artística popular?

O que propomos é que, através deste projeto, se valorize a criatividade das gentes desta aldeia e o seu património através de três partes:

– Um estudo antropológico que contextualize e documente esta manifestação cultural, contribuindo para a valorização do património e identidade local;

– Produção de registos fotográficos e vídeo-documentais que possam enriquecer o arquivo Biblioteca Municipal – acervo do Centro de Arte e Criatividade de Torres Vedras;

– Produção de uma apresentação pública de uma criação artística, contemporânea e autoral, inspirada neste universo criativo popular (com possibilidade de intervenção e participação comunitária).

O desenvolvimento do projeto passa pela investigação e documentação desta manifestação cultural local a partir de conversas com os moradores de Cambelas. Encontros estes que são mediados por antropólogos e artistas. A realização do estudo e dos registos fotográficos e vídeo-documentais, tem o propósito de enriquecer a documentação sobre as práticas de Carnaval, contribuindo para a caracterização da sua heterogeneidade, sustentabilidade e diversidade.

O objetivo mais fulcral deste projeto é incentivar a mobilização de todos os torreenses para a importância de uma prática artística comunitária, valorizando uma manifestação identitária e um património sociocultural ancorado ao Carnaval.

Datas de realização/apresentação:
As datas serão definidas durante a execução do projeto, respeitando a norma de não ultrapassar 12 meses de execução e ocorrer no período compreendido entre o carnaval de 2023 e o de 2024.

A parte de criação artística que irá estrear no palco da Associação de Cambelas.

1º Período de residência artística - 11 a 13 fevereiro 2023

O projeto Bonecos de Cambelas: expressão da criatividade popular iniciou-se, num primeiro período, com trabalho de campo e reconhecimento, dedicado à parte da Criação Artística.

A Associação ESTUFA, em conjunto com alguns moradores, deu a conhecer a aldeia de Cambelas a dois incríveis criadores, os multi premiados coreógrafos Jonas&Lander que chegaram de Montemor-o-Novo pelo início da tarde para se encontrarem com alguns agentes e instituições locais.
De seguida, reunimo-nos com os antropólogos da Associação WaMae – Antropologia Pública para darmos início ao estudo documental e aos registos videográficos do projeto.Estivemos com a Dona Irene e com o Tiago Rodrigues, dois fazedores de bonecos, conhecemos os Bruta Bombos através do Rui e do Mauro e visitamos a Associação de Pescadores de Cambelas para conhecer as condições técnicas do espaço e do palco.

2º Período de residência artística - 20 a 23 fevereiro

A segunda residência artística da dupla de criadores Jonas&Lander terminou com uma reunião na sede da Associação Pescadores de Cambelas.

Na mesma reunião estavam presentes alguns dos cambeleiros que estão a contribuir para o desenvolvimento do projeto, como a Gracinda, que está a acolher os artistas na sua casa, alguns fazedores de bonecos, Rui Filipe, um dos responsáveis pelo grupo BrutaBombos, o Sr. José Carlos, especialista na técnica dos enxertos, o Sr. António que detém um incrível espólio de documentos e notícias sobre Cambelas e o Presidente da Junta de Freguesia de São Pedro da Cadeira.

Jonas&Lander

Dupla de coreógrafos portugueses, têm contribuído para o imaginário um do outro desde 2011, data em que iniciaram a sua colaboração.

Destacam-se com Cascas d’Ovo, obra que os levou a vários palcos nacionais e internacionais. Desde então, e até 2017, criam e apresentam também Matilda Carlota, Arrastão e Adorabilis.

Foram distinguidos como “Aerowaves Priority Company” em 2014 e 2017. Em 2019, estreiam Lento e Largo, espetáculo coproduzido pela Rede 5 Sentidos, Teatro do Bairro Alto e Teatro Freiburg (AL), nomeado pela SPA para a categoria de Melhor Coreografia de 2019, e Coin Operated, em coprodução com a BoCA – Biennial of Contemporary Arts.

Em 2021, Jonas&Lander propõem-se a resgatar as danças perdidas do Fado, num espetáculo híbrido entre a música e a dança, Bate Fado, que estreou no Festival DDD, e que tem vindo a conhecer um sucesso nacional e internacional, tendo sido nomeado pelos jornais Expresso e Público como o melhor espetáculo de dança do ano.

Saiba mais aqui

Wamãe - Antropologia Pública

A Associação nasceu em novembro de 2020 a partir de um grupo de antropólogos com a vontade de intervir em problemas específicos em territórios específicos.

Tem como principais atividades a produção audiovisual de conteúdos antropológicos e o desenvolvimento de projetos de antropologia e educação.

A Wamãe presta consultoria aos que pretendem desenvolver projetos de intervenção e ação, e antropólogos que procuram desenvolver uma carreira fora da academia.

Saiba mais aqui

Prof. Dr. Paulo Raposo

É doutorado em Antropologia e Professor no Departamento de Antropologia do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, tendo sido Professor visitante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no Brasil em 2009-10 e 2017-18. É o Vice-Presidente do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) e Diretor do Polo CRIA-IUL.

Realizou várias investigações em Portugal, Espanha e Brasil trabalhando sobre temáticas como o corpo, ritual, património, turismo e, sobretudo, na área das performances culturais, práticas artísticas e ativismo político. Trabalha e colabora com diversas estruturas teatrais e em eventos culturais.

Saiba mais aqui